25 de mai. de 2013

Por todos os santos



Eu colecionava santos de papel. Tinha uma verdadeira adoração por eles. O que mais me fascinava eram as ilustrações, sempre tão representativas, coloridas. Não tinha especificamente um santo de devoção.
Dentre todas as histórias relativas a santos, a que mais gostava era a de Nossa Senhora de Fátima, com as suas aparições aos três meninos pastores. A imagem da santa flutuando em uma nuvem estacionada em cima daquela pequena árvore mexia a fundo com a minha imaginação. Cheguei a ter um álbum de história em quadrinhos que retratava a história.

Certa vez minha mãe apareceu em casa com uns livrinhos de capa dura que traziam em seu interior dezenas de orações; informações sobre os sacramentos da Santa Igreja e outros assuntos correlatos. Ganhara os mesmos como doação para a barraca da pechincha, que comandava junto a amigos na Feira da Amizade.
Tratei logo de pegar o meu exemplar, que guardo comigo até hoje. Dentro dele coloquei um santinho de papel com a imagem de Santa Rita de Cássia.. O livreto chama-se MEU GUIA e sua impressão data de 1965.

Lembro-me perfeitamente de uma visita à Lavínia, cidadela do interior de São Paulo onde morava a família de minha babá, Dora, cujo verdadeiro nome era Deronice. Aliás, Deronice Maria de Jesus. Vai ver que era por isso que eu gostava tanto dela. Trazia Jesus em seu nome.

Dora era muito apegada a mim e a meus dois irmãos e certa vez pedira a meus pais que nos deixasse levar consigo à Lavínia, em um de seus finais de semana de folga.

Lá fomos nós. A casa dela não podia ser mais simples. Era toda de madeira, tendo o piso suspenso do chão através de vigas que a sustentavam no ar. As frestas deixavam-nos ver o piso de terra batida abaixo, muitas vezes repleto de galinhas que usavam o espaço como moradia.

Para mim, vivenciar aquele ambiente, mesmo que por pouco tempo, era como entrar numa nave espacial e ir parar na Lua. Tudo aquilo era o oposto da vida que tinha.

O que a família não dispunha de conforto, esbanjava em atenção e carinho. Eram todos muito simpáticos e solícitos.

Lembro-me perfeitamente da tarde em que Dora nos levou a um passeio pela cidade. Cumprimentava a todos pelo nome. Aos que perguntavam quem éramos, dizia toda orgulhosa tratar-se dos filhos de seus patrões, o Dr. José e dona Wilma.

Ao passarmos em frente a uma vendinha, os meus olhos voltaram-se para o balcão de vidro onde se encontrava uma coleção de santinhos de papel. Parei na hora e insisti a Dora que entrássemos. Vencida a resistência inicial, acabamos diante do balcão, segurando vários deles na mão. Dora disse-me que poderia escolher um como presente. Apesar de ser criança, entendi na hora que ela não teria como comprar mais do que um.
Escolhi o que achei mais bonito e o entreguei ao balconista para que o mesmo o embrulhasse para presente. Saí de lá feliz da vida, afinal, teria mais um santo protetor a quem recorrer em meus momentos de tristeza ou dificuldade.

Quem pensa que criança não tem problemas se engana redondamente. Eu, por exemplo, resolvia todos os meus ajoelhado na capela do colégio de freiras onde estudava, pedindo a Deus por um milagre, sempre através da intercessão de todos os meus santinhos de papel. E não é que dava certo?

POR TODOS OS SANTOS fala de minha devoção aos santos, através dos santinhos de papel.

Hoje, adulto e ainda crente, fui visitar um viaduto com nome de santa: o viaduto Santa Ifigênia. Localizado no centro de São Paulo, ele liga o Largo São Francisco à Igreja de Santa Ifigênia. Inaugurado em 26 de setembro de 1913 pelo então prefeito Raimundo Duprat, sua estrutura foi toda fabricada na Bélgica. Abaixo dele encontra-se a avenida Prestes Maia e o Vale do Anhangabaú.



























Foi lá que levei dois trabalhos que desenvolvi para a sapateira de luxo RAOUDA ASSAF em 2005 para a sua marca homônima.




Trata-se de um tecido desenvolvido através de uma ilustração da designer, e de uma etiqueta da marca. O tecido foi feito em base tafetá, em fundo preto e bordado em fios cobre e prata metálico, e cereja. Segundo Raouda, o seu nome encontra-se inserido em meio aos arabescos.




















Já a etiqueta foi desenvolvida em duas variantes: fundo tuel e logo bordado em maravilha; e fundo gelo e bordado também maravilha.




Recado do dia: Fui picado pelo amor. Não adiantou nada, pois já estava vacinado.



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